É difícil encontrar alguém que nunca teve uma dor incômoda na cabeça. Muitas vezes causadas por estresse, tristeza ou ansiedade. Mas para 20% das mulheres e 10% da população masculina, essas dores latejantes podem perdurar por muitos dias. São pacientes com a enxaqueca crônica – uma das doenças mais incapacitantes do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem na dor de cabeça seu sintoma mais conhecido.
Para chamar a atenção da população para os cuidados com a doença foi criado o Dia Nacional de Conscientização da Cefaleia, lembrado sempre em 19 de maio.
A enxaqueca é considerada crônica quando as dores perdurarem por mais de 15 dias no mês. Geralmente pode ser pior de um dos lados da cabeça, acompanhadas de náuseas, sensibilidade à luz ou até vômitos.
O estresse está entre os fatores que podem desencadear as crises de enxaqueca. Outras causas importantes são a insônia, o jejum prolongado, a pouca ingestão de água, o sedentarismo e o consumo em excesso de cafeína, bebidas alcoólicas e alimentos gordurosos e muito condimentados.
“Como muitos dos gatilhos das crises de enxaqueca também estão relacionados aos hábitos de vida, manter uma rotina de alimentação e atividades físicas equilibradas favorece a qualidade de vida de quem sofre com a doença”, explica Eliana Meire Melhado, professora de Neurologia e Semiologia da Faculdade de Medicina de Catanduva.
Tratamento e cura
Embora a enxaqueca crônica não tenha cura, é possível controlá-la, espaçando a ocorrência de crises e amenizando a intensidade dos sintomas. Para isso, o paciente precisa procurar um neurologista. A terapia preventiva pode incluir o uso de medicamentos como a toxina botulínica, que é injetada no trajeto dos nervos inflamados, promovendo o relaxamento muscular. Desta forma, impede que os neurotransmissores levem os sinais de dor até o músculo, reduzindo a percepção pelo sistema central.
O tratamento pode ser realizado no próprio consultório médico. Em média, tem duração de seis meses a um ano e, dependendo do local aplicado, possibilita o retorno a rotina no mesmo dia.
Enxaqueca e a pandemia
Nesse mundo em pandemia, o medo e as incertezas provocados pelo coronavírus, pelo isolamento social e suas consequências têm contribuído para aumentar as crises de enxaqueca entre a população. Pacientes que tinham episódios esporádicos agora são acometidos com mais regularidade pela doença. A pandemia de certo modo estimula a ansiedade, as oscilações de humor, a irritabilidade, a desesperança e a angústia, colaborando para o desenvolvimento da doença.
Outro alerta importante é que durante a pandemia houve um aumento na automedicação. “Por temor da contaminação, muitas pessoas passaram a tomar anti-inflamatórios ou analgésicos por conta própria e podem ser vítimas do que chamamos de “dor de cabeça de rebote”. Ela ocorre em função do abuso de medicamentos e do aumento progressivo das doses necessárias para alívio das crises”, explica a neurologista.
Fonte: VICTOR NOGUEIRA - SPMJ