"Dizer o óbvio sobre as coisas pode não ter importância para você, mas para o autista é essencial, porque a explicação gera entendimento, traz conforto, evita frustrações e possíveis crises." O ensinamento é de Marcos Petry, 30 anos, que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3. Após a evolução de seu quadro clínico, Petry se especializou e se transformou em uma espécie de porta-voz do autismo pelo Brasil. Atualmente, ele palestra sobre o tema país afora, relatando os obstáculos enfrentados, em especial, durante a fase escolar. Nas últimas semanas, ele esteve em Bauru e palestrou para dezenas de pessoas na Apae da cidade.
Autor do canal "Diário de um Autista", com quase 170 mil inscritos no Youtube, Petry encara como propósito orientar leigos e profissionais ligados à área da educação a como lidar com o transtorno a partir da perspectiva de uma pessoa com autismo.
"Minha mãe era muito chamada na escola, as professoras diziam que eu ficava no mundo da lua e era mal educado. Isso porque eu demorava para responder os comandos, porque não entendia na hora, e também não olhava para elas. Ninguém entendia que o balanço que eu fazia era um preparo para responder as perguntas feitas. Eles queriam que eu agisse e aprendesse como os outros alunos, mas o autista leva um pouco a mais de tempo. E essas cobranças geravam frustração e nervoso... foi uma fase difícil", lembra ele.
Segundo Petry, que hoje é formado em comunicação e pós-graduado em TEA pelo Child Behavior Institute of Miami, os autistas sentem 5% a mais de sensações. "Parece pouco, mas não é, porque tudo é mais intenso, as luzes, os barulhos... e a gente se perde em meio a tantas informações. Imagine isso tudo em uma sala de aula cheia?", observa Petry.
Um dos tópicos que ele fornece nas palestras e tratou junto aos presentes na Apae Bauru foram dicas de como lidar melhor com autistas na perspectiva de quem tem o TEA (veja mais abaixo).
Relevância
O tema autismo na escola ganhou destaque recente na imprensa nacional após casos de supostos maus-tratos cometidos em salas de aulas por professores contra alunos autistas. Em um deles, em São Paulo, um gravador escondido registrou uma professora dizendo a um aluno de 12 anos: "Se você tomasse uma boa surra você ia parar com suas graças".
Para Petry, as situações escancaram o despreparo e a necessidade de avanço da educação inclusiva.
"É urgente, a sociedade precisa entender melhor o autismo. É necessário que as pessoas sejam mais pacientes e mais claras conosco, que digam o óbvio. Quando entendo uma coisa ou me sinto participante de um processo, eu fico muito mais tranquilo, confortável e me dou chances de experimentar o novo e ganhar mais autonomia ", comenta Petry.
Em 2022, o IBGE detectou 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil e apurou que a taxa de analfabetismo entre este público era de 19,5%.
Não há um dado oficial sobre as pessoas com TEA, mas a estimativa é de existam, atualmente, cerca de 6 milhões de autistas no país, conforme monitoramento do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), órgão do governo dos Estados Unidos, que aponta a prevalência do autismo em 1 a cada 36 pessoas no mundo.
Apoio
E o público autista é um dos que mais cresce nas escolas brasileiras. Considerada a primeira entidade privada do país a se especializar para atender alunos com deficiências no ensino regular, através do profissional de apoio escolar, a Conviva Serviços possui mais de 50% de sua mão-de-obra voltada apenas aos estudantes com autismo. A instituição atende órgãos do poder público nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Espírito Santo.
O serviço tem como foco auxiliar alunos na alimentação, higiene íntima e bucal, comunicação e socialização, trabalhando também a autonomia dos assistidos.
"São profissionais que passam por constantes cursos e atualizações para lidarem com as mais diversas deficiências. Eles acompanham de perto os assistidos para proporcionar uma melhor conexão deles com o ambiente escolar, favorecendo um processo mais saudável de aprendizado", explica Maíra Pizzo, diretora da Conviva Serviços.
10 coisas que todo autista gostaria que você soubesse:
1- Seja claro ao conversar com um autista, não use figuras de linguagem;
2 - Procure mostrar e apontar o que deseja enquanto fala com um autista;
3 - Antes de tocar em uma pessoa com autismo, faça o alerta e diga o que pretende com o gesto;
4 - Chame um autista sempre pelo nome e deixe claro, em uma conversa, quando estiver se referindo a ele;
5 - Dê ao autista toda informação possível sobre uma atividade. Deixe claro o método, diga o que espera e quanto tempo ele tem para fazer;
6 - Seja específico ao indicar a localização de lugares ao autista. Dê características da fachada;
7 - Seja simples e direto com as palavras, não use metáforas;
8 - Cuidado com ironias, o autista pode não entender, ficar ansioso e entrar em crise;
9 - Seja claro com convites a autistas, diga o porquê você quer a presença deles;
10 - Ame e aceite o autista do jeito que ele é. Ele pode melhorar seu comportamento, mas não mudará sua essência.
FONTE: Marcos Petry
A CONVIVA
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Com três décadas, a instituição exerce importante papel para a educação inclusiva no Brasil. E, além do apoio escolar com constantes capacitações, oferece em seu quadro funcional equipes multidisciplinares.
Fonte: Lettera Comunicação