O agronegócio brasileiro, que estabeleceu recorde histórico de exportações no primeiro semestre de 2020, com US$ 52 bilhões, conforme demonstrou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, poderá contar com novas protagonistas para, ao lado da soja, algodão, açúcar, carnes, etanol e celulose, expandir-se ainda mais como fator de superávit comercial e abastecimento do País e do mercado externo. Trata-se das nozes, castanhas e frutas secas, cujo consumo global tem crescido à média anual de 6%, segundo o International Nut Council (INC).

De acordo com a entidade de classe representativa do setor no Brasil, a Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC/nuts), suas exportações anuais ficaram na casa de US$ 250 milhões em 2009, 2010 e 2011, mas passaram a cair nos anos seguintes. Em 2020, a previsão é de que fechem o exercício em US$ 137milhões. Os desafios imediatos do setor, tanto para aumentar a produção quanto as vendas externas, são os seguintes: desburocratização sanitária; melhoria do registro de produtos; incentivos tributários para reduzir desigualdades ante subsídios aos produtores dos Estados Unidos e forte apoio governamental na China; concessão de financiamentos de longo prazo para a cadeia produtiva; prospecção intensiva do mercado internacional; produção de estatísticas macroeconômicas da atividade; e difusão de informações dos benefícios e propriedades nutricionais dos produtos.

No que compete ao setor, muitas dessas medidas já vêm sendo adotadas, incluindo a elaboração de um selo de qualidade que seja reconhecido e aceito como referência. Porém, é fundamental política pública articulada, abrangendo, além do crédito e apoio aos produtores, o desenvolvimento de pesquisas que permitam descobrir e chancelar as potencialidades das nozes e castanhas, não apenas nutricionais, como na indústria de cosméticos, assim ampliando o seu valor agregado e o interesse dos agricultores pelo seu cultivo.

É importante conhecer melhor as frutas secas produzidas no Brasil, para se vislumbrar com mais clareza o seu potencial. Uma delas é o baru, cultura tipicamente familiar e extrativista. Nativo do cerrado, pode ser encontrado no Triângulo Mineiro, Norte do Estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A castanha de caju nacional, produzida principalmente no Nordeste, com elevado consumo nacional, representa 3% do mercado mundial. A colheita em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 122,6 mil toneladas. A castanha do Pará ou do Brasil, no Norte, tem produção de 40 mil toneladas/ano, das quais 70% são consumidos internamente. Sua exploração gera receita anual de R$ 430 milhões, garante o sustento de 60 mil famílias e atividades de 100 cooperativas.

A noz-pecã teve 3,5 mil toneladas colhidas em 2019, o que posicionou o Brasil em quarto lugar no ranking dos maiores produtores, atrás do México, Estados Unidos e África do Sul. É originária da América do Norte. Seu cultivo concentra-se em terras gaúchas, onde, em Cachoeira do Sul, encontra-se o maior nogueiral sul-americano. A macadâmia, originária da Austrália, segundo a entidade representativa dos produtores paulistas, a Apromesp, já tem um milhão de árvores plantadas, num total de seis mil hectares, envolvendo o trabalho de 150 produtores e 1.200 pessoas. Há plantações em São Paulo (40% do total nacional), Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

"As frutas secas são como cápsulas cheias de nutrientes concentrados", diz o professor espanhol Jordi Salas-Salvadó, catedrático de Nutrição e Bromatologia da Universidad Rovira i Virgili (Tarragona) e pesquisador do CIBER de Obesidade e Nutrição do Instituto Carlos III. Segundo o especialista, as nozes e castanhas são ricas em gordura vegetal, mais saudáveis do que muitas das de origem animal. Algumas também apresentam o ácido alfa-linolênico (do tipo Ômega 3), benéfico para a prevenção cardiovascular. São alimentos que a Organização Mundial de Saúde (OMS) inclui entre os recomendáveis para uma dieta adequada.

São igualmente benéficas para o meio ambiente, pois suas árvores, como na Amazônia, por exemplo, mesclam-se às de outras espécies. Outro fator positivo é que podem ser cultivadas em terrenos irregulares, montanhosos, em geral subaproveitados. Trata-se de uma cultura, seja extrativista ou de cultivo, altamente sustentável e de elevada rentabilidade, cujo desenvolvimento fortalecerá ainda mais o agronegócio, gerará emprego e renda e ampliará a posição do Brasil como fornecedor global de alimentos.

*João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário do setor agrícola e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).

Fonte: Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação

Dezembro Vermelho: Saúde promove ações de prevenção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis

Leia mais...

Seminário de Boas Práticas Marca Encerramento da Capacitação Docente de 2024

Leia mais...

12ª SIPAT do AME Catanduva promove bem-estar e valorização dos trabalhadores

Leia mais...

Palmares Paulista comemora 60 anos com show do Alexandre Pires

Leia mais...

Moradora de Novo Horizonte transforma vitória em solidariedade

Leia mais...

Saiba como dirigir na chuva e agir em áreas de alagamento

Leia mais...