No mês de setembro, quando celebramos a Independência do Brasil, é bastante convidativo refletirmos sobre o que significa, nos dias de hoje, conquistar uma verdadeira independência como nação. Se lá em 1822 nosso país buscava autonomia, hoje, o desafio maior é alcançar a emancipação tendo como aliada a educação.  
 
Já no século XXI, a independência não se definia apenas por fronteiras ou símbolos nacionais, mas pela capacidade de formar cidadãos críticos, inovadores e preparados para os desafios do mundo moderno. Assim como a liberdade de outrora foi um marco histórico, o investimento em educação segue sendo o caminho para garantirmos um futuro mais justo e próspero para todos os brasileiros, rompendo com os grilhões da desigualdade para a construção de uma sociedade verdadeiramente independente. 
 
Lançado nesta terça-feira (10) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o relatório do Education at a Glance (EaG) 2024, coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), traz à tona um dado alarmante: enquanto os países desenvolvidos estão aumentando os seus investimentos no setor educacional, o Brasil caminha na direção oposta, com uma redução média de 2,5% ao ano no investimento público. Os dados referem-se ao período entre 2015 e 2021. 
 
 
Esse descompasso revela uma desconexão entre as prioridades nacionais e a necessidade urgente de preparar as futuras gerações para os desafios globais. A queda de investimentos não se traduz apenas em salas de aula deterioradas ou falta de material didático, mas em um comprometimento grave ao nosso futuro socioeconômico. Uma educação fraca gera cidadãos menos preparados, limita a inovação e amplia as desigualdades, resultando em um ciclo de pobreza e subdesenvolvimento do qual é difícil escapar. 
 
O estudo internacional compara os sistemas educacionais de 49 países que, resumidamente, compreendem que o verdadeiro desenvolvimento não se constrói apenas com infraestrutura ou crescimento econômico imediato, mas com um sistema educacional robusto. Deste modo, a educação é vista como um investimento estratégico, essencial para sustentar uma economia competitiva e uma sociedade igualitária. 
 
A lição para o Brasil é, justamente, adotar a mesma visão, enxergando a educação com a mesma seriedade. Neste contexto, é importante salientar que a independência de um país não se resume à capacidade de gerir seus recursos naturais ou estabelecer políticas econômicas autossuficientes. A verdadeira independência reside na capacidade de desenvolver o capital intelectual da sua população, possibilitando que o povo seja capaz de questionar, inovar e impulsionar mudanças. 
 
Sem um investimento contínuo e crescente na educação, condenamos o Brasil a permanecer à margem das grandes revoluções tecnológicas e sociais do mundo moderno. Portanto, se almejamos uma verdadeira soberania, capaz de nos livrar da dependência externa e de nos conduzir a um futuro de igualdade e inovação, é fundamental que coloquemos a educação no centro das prioridades nacionais. Essa não é apenas uma questão de orçamento, mas de visão de país. A educação de qualidade não pode continuar sendo um privilégio de poucos, mas, sim, um direito universal. 
 
*Dr. William José Ferreira é consultor educacional da Faculdade Única 
 
Fonte: Patrícia Nascimento

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